TERRA, nosso lugar aqui e agora!
Começo este artigo com uma frase que faz muito sentido para nós aqui da Casa Verde:
“Seja a mudança que você deseja ver no mundo”. Mahatma Gandhi
No seu artigo recente sobre a importância da relação comportamento e ambiente, o professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Victoria no Canadá, Robert Gifford[1], começa sua argumentação afirmando a premissa básica da Psicologia Ambiental: “Onde quer que você vá, lá você está, e isso é importante (...). Estamos sempre incorporados a um lugar” (p. 543). E continua:
Mato Grosso - Brasil
Na verdade, estamos sempre aninhados dentro de sobreposições de lugares, de uma sala, para um edifício, para a uma rua, para uma comunidade, uma região, uma nação e para o mundo. Se, em vez disso, ocorrer de estarmos em um veículo, num parque urbano, na água ou em um deserto, ainda estaremos em algum lugar. As influências pessoa-lugar são mútuas e cruciais. Nós damos forma não só aos edifícios, mas também damos forma a terra, às águas, ao ar e a outras formas de vida - e eles e elas nos dão forma (p. 543).
Chapada dos Veadeiros - Goiás / Brasil
Nesta reciprocidade “Eu-Lugar”, os cinco aspectos da personalidade relacionados à relação com o ambiente foram destacados pelo professor:
1. Instabilidade emocional (a tendência para experimentar emoções negativas, como raiva, ansiedade ou depressão);
2. Extroversão (a tendência a experimentar emoções positivas e procurar estimulação e a companhia dos outros);
3. Amabilidade (a tendência para ser compassivo e cooperativo, em vez de suspeitoso e antagonista face aos outros);
4. Escrupulosidade (a tendência para mostrar autodisciplina, orientação para os deveres e para atingir os objetivos);
5. Abertura para a experiência (a tendência a se interessar pela arte, emoção, aventura, ideias fora do comum, imaginação, curiosidade).
Bocaina - SP/RJ - Brasil
Atenção!
Se você tem forte o traço abertura para a experiência, é provável que a atitude pró-ambiental seja forte em você, e você se engaje em ações pró-ambientais e/ou esteja frequentemente em conexão com a natureza. Uma maior abertura para a experiência e uma maior amabilidade e, em menor grau, uma maior escrupulosidade e uma menor instabilidade emocional estão associadas com uma forte preocupação com as questões ambientais. O ativismo ambiental, incluindo as atividades de reciclagem, está fortemente associado com amabilidade, escrupulosidade e abertura para a experiência.
Calçamento da trilha do ouro na Serra da Bocaina - RJ/SP - Brasil
Em termos de ação, a preocupação com consequências futuras está correlacionada com comportamento sustentável, por exemplo, a um maior uso do transporte coletivo público ou à prevenção de criadouros do vetor da dengue. Independentemente de sua personalidade, o importante é não cair na contingência-armadilha que nos prende pelas consequências imediatas e não nos deixa sob controle das consequências atrasadas da nossa ação. No dizer do professor Gifford, no futuro estaremos num lugar, mesmo que não saibamos qual. A forma desse “lugar-nosso-de-cada-dia-no-futuro” é modelada aqui-e-agora, pois a um lugar sempre estaremos incorporados. Um lugar passado foi parte do nosso corpo assim como um lugar presente o é; e um lugar futuro será compulsoriamente parte do nosso corpo. Portanto, ao cuidar bem de nosso lugar presente estamos cuidamos bem de nós mesmos.
Este é o primeiro passo: aprender a cuidar e o primeiro artigo da série psicologia ambiental. Vamos aqui aprender um pouco mais sobre comportamento e sua influência em nossas vidas. Assim avançaremos na construção de casas, relações, cidades e um mundo melhor para todos.
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Abraço!
Fonte:
Robert Gifford (2014). Environmental Psychology Matters
Annual Review of Psychology
Vol. 65: 541-579 (Volume publication date January 2014)
First published online as a Review in Advance on September 11, 2013
DOI: 10.1146/annurev-psych-010213-115048